quarta-feira, 10 de novembro de 2010


E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia. Disse a raposa.
- Bom dia. Responder polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira..
- Quem és tu ? perguntou o principezinho. Tu és bonita.
- Sou uma raposa. Disse a raposa.
- Vem brincar comigo. Propôs o príncipe. Estou tão triste.
- Eu não posso brincar contigo. Disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui. Disse a raposa. Que procuras ?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar ?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços"...
- Criar laços ?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos a necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única coisa no mundo...
Mas a raposa voltou à sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de pasos que chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os Campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E entaõ será maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa então se calou e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. O homem não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
E continuou:
- Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O pequeno príncipe - Antoine de Saint-Exupéry.


Tô adorando ler esse livro .

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